Pluri-panóptico

Sobre o poder e o controle na sociedade contemporânea Após terceira leitura do livro Vigiar e Punir, resolvi escrever algumas ponderações. Entendo a sociedade contemporânea como um momento social possível pós-extrema-educação-disciplinar. A disciplina e o funcionamento social estão tão conectados que não ventilamos a disciplina como prisão psicológica, mas como mecanismo regulador de normas e padrões que definem condutas para indivíduos. Apenas uma sociedade da comunicação poderia funcionar tão bem como um pluri-"panóptico", onde a exposição elevada ao online regula os padrões de conduta, vestimenta e saúde do indivíduo. Compreender a sociedade, entender seus padrões, permitem que o indivíduo se perceba dentro de uma máquina social modeladora. Contudo, tomo para mim este conhecimento como uma forma de superação pessoal e de atalho para alcançar um objetivo simplório da humanidade, a felicidade e a simplicidade dentro de uma existência tão complexa. Em qualquer sociedade, seguir a manada, as marés, os ventos, podem nos conduzir mais rapidamente ao objetivo coletivo, mas também podem mascarar rotas nunca exploradas. Entretanto, o indivíduo, para conseguir sobreviver em uma nova rota, precisa dominar o caminhar. E é com esta mentalidade que sigo minha trilha. Atualmente, faço parte de uma instituição onde a disciplina, do corpo e da mente, segue conceitos muito antigos. Acredita-se que por meio da repetição levada a exaustão atinge-se a perfeição. Todavia, os conceitos de hierarquia e disciplina das Forças Armadas no Brasil estão bases. Apesar da base ser a origem, o treinamento, o fundamento, no quotidiano o que pode ser encontrado é um "corpo" coletivo em prol de realizar benfeitorias para a nação. Testemunho que muitos militares ainda hoje emocionam-se diante de símbolos nacionais, seja ao desfilar, ou ao cantar o hino. Sou uma deles, e sem idolatria. Poderíamos pensar nisso como uma banalidade, mas lembro-me de quando fui morar na França. Lá, eu tive a certeza da minha origem. E, de alguma forma, esses símbolos da minha raiz passaram a servir como a referência de quem eu sou. Se pensarmos que as forças armadas nasceram com a proteção da nação, da nossa sociedade, com a busca pela paz. Passaremos a olhar essa instituição hierarquizada e extremamente disciplinadora, como olhamos para o seio de uma família. A apropriação do conhecimento do funcionamento da sociedade contemporânea e de como ela chegou a ser o que ela é, me faz refletir sobre o futuro, e concluo que nenhuma sociedade e nenhum corpo funciona sem disciplina.

Comments

publicointerno said…
Disciplina tem muito a ver com dedicação e amor. E amor, com retidão e resignação, em prol de um bem maior, como de um grupo, uma família, uma nação. Carol, parabéns pela reflexão.

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